20081027

The Scientist.

Este Sábado, no caminho entre Coimbra e Mortágua, estava a ouvir música no telemóvel. The Killers, para ser mais precisa. Não sei ao certo que música. Sei que o visor do telemóvel ficou branco por uns instantes, a música parou de tocar, e quando consegui ver o fundo novamente e carreguei no play, começou a tocar... The Scientist.

Justamente The Scientist. E não faço ideia como mudou de música. C (de Coldplay) e T estão bastante separados, ainda por cima.

Mudei de novo para The Killers. Nem forças superiores alienigenas me farão ouvir essa música agora.

É tão tarde. Demasiado tarde para se pensar sequer em alguma coisa depois de tudo o que já se passou. Eu e ele já nem somos eu e ele. Somos outras pessoas. Por mais saudades que tenha, tenho de manter isso em mente. Não iria resultar. Não valeria sequer a pena tentar, mesmo que pudesse tentar.

E The Scientist não se pode encaixar nisto agora.

20080831

On and off, o que me atrai.

[Sim, sim, deja vu. Mas sempre escrevi para mim e só para mim. Logo, que importa o quão ridiculo é?]

Conversas, de qualquer tipo, profundas ou banais, desde que bem guiadas, bem faladas. Conversas em que há sempre algo para dizer. E em que ninguem se sente ridiculo por dizer algo. Isso atrai-me. Em minutos, podem crer.

Olhos a brilhar, de qualquer cor ou feitio, atraem-me.

Calma e respeito atraem-me acima de tudo. Mas um pouco de espirito selvagem ajuda. Um senso de timing, por assim dizer.

Homens atraem-me. Nao, nao estou a afirmar a minha heterossexualidade. Gosto de um ar calmo, confiante, adulto.

Romantismo atrai-me bastante. Mas é facil passar a ténue linha entre romantismo e pirosice. Não gosto de ursos de pelucia da loja dos trezentos a dizer "Adoro-te", gosto de rosas. Essa é a diferença.

Sobretudo, atrai-me o inesperado. O momento. O estar, ser, e o querer estar e ser juntos.

E isso é o que mais importa. Muito mais do que presentes caros, roupas chiques e uma cara bonita. Nada disso consegue ter charme sozinho.

20080821

Algo por você.

A culpa é toda minha. Sim, é. Tenho a sensação de que todos os problemas de todas as pessoas deviam ser resolvidos por mim. Eu devia ser capaz de saber o que dizer, saber o que não dizer. E a verdade é que nunca tenho problemas MEUS. Ando sempre a tombos com os das outras pessoas. E só isso é que me tira o sono. Dou voltas e voltas, pergunto opinião a toda a gente, e não consigo arranjar respostas. Quando acontece eu mesma ter um problema, é bola prá frente. Posso-me preocupar com isso, sim. Mas é raro fazer um drama, ou perguntar a alguém o que devo fazer. Claro, normalmente acabo por dizer o que se passa, porque é muito dificil para mim esconder que estou preocupada com alguma coisa. Mas não é a mesma ansiedade...

Acho que ninguém tem noção realmente o quanto eu choro. Não é que não consiga evitar. Ou que se passa algo. Mas vem uma dor miudinha algures nem eu sei bem onde que só consigo que vá embora assim. E se calhar, é mesmo suposto lá estar. Normalmente é arrependimento, saudade, medo, ou tudo misturado. Outro ritual de quando tenho essa impressão estranha, é pegar no telemóvel e mandar uma mensagem ao David. Vem de há muito tempo, é intuitivo. Agora só me faz pior, claro. Mas às vezes ainda acaba por me acalmar. Se há algo que ele sabe é pôr alguém bem-disposto.

É rídiculo eu mencioná-lo tantas vezes quando escrevo, talvez, mas arrisco-me a dizer que não há ninguém que eu conheça tão bem, ou com quem tenha vivido tanta coisa. Isso torna fácil lembrar-me dele pelas mais variadas razões.

Às vezes só preciso de falar com alguém sobre algo completamente diferente. Normalmente falo muito. Até demais. Ao contrário da maior parte das pessoas com quem falei sobre isso, falo ainda mais frente a frente do que por computador. Acho que por nunca ter sido propriamente timida, e porque frente a frente é mais fácil lembrar-me de algo para dizer, por alguma razão. Mas no fundo, sou extremamente insegura. Tenho medo que me achem vulgar, tenho medo que achem que me esforço demais para não ser vulgar, tenho medo que achem que não sei nada de jeito, tenho medo que achem que não me devia preocupar em saber tanto, e tenho mais que tudo medo de magoar alguém, de não estar à altura, de ser demasiado nova para dar palpites sobre alguma coisa. Com pessoas mais velhas torna-se infinitamente pior.

Dá-me vontade de falar, falar, falar. Estou farta de férias, por alguma razão não vejo ninguém, e quando vejo, as conversas não variam muito. Não que em aulas mude alguma coisa. Sei lá.

Hoje mais cedo tomei um banho de água gelada. Nunca tomo banho de água gelada. Nem com muito calor, coisa que hoje não esteve. Mas a água fria a correr pelo meu corpo foi talvez uma maneira de me punir nem eu sei bem de quê.

Não penso em me matar, nem perto. Há mais de um ano que não penso nisso. Mas a pergunta que fiz ao David foi "Se eu morresse agora, o que é que perdia?" porque é só nisso que eu consigo pensar. O que é que eu tenho mesmo agora. Acho que eu faço sempre questão q a minha vida dependa de alguém, que todas as minhas emoções estejam nas mãos de outra pessoa. Tenho de mudar isso.

20080814

Mortaguísses.

O namorado de uma das minhas melhores amigas foi meu colega de turma. E ela é irmã da ex-melhor amiga da minha irmã.
O melhor amigo do David é filho de um amigo de infância do meu pai. E a minha mãe costumava dançar com o pai dele nos bailes.
O David era amigo de outra das minhas melhores amigas quando eles tinham 4 anos.
O meu primo namora com uma amiga minha e colega da Filarmónica. E o primo dela era um grande amigo do David, noutros tempos.
Outra amiga minha namora com um rapaz que teve aulas de catequese (?) comigo.

De minha casa à vila são 10 minutos a pé, 5 de bicicleta e 3 de carro. Junte-se 1 ou 2 minutos para chegar a casa da Xana, porque aquela subida demora um bocadinho; e só uns segundos até casa da Sofia. Até casa do David demoro mais ou menos o mesmo, embora na direcçao contrária. E se continuar durante o dobro do tempo, chego a casa da minha avó.
A casa da Joana já fica mais longe, não posso ir a pé e até poderia ir de bicicleta se tivesse paciência e nao achasse que me perdia. Mas em 15/20 minutos de carro chego lá.

Em linguagem corrente as zonhas dividem-se em: rua principal (extremamente movimentada, tirando todos os dias das 9 às 12, das 14 às 19 e das 21 às 24 e durante todo o fim de semana.); Baixa, que consiste na fantástica rua junto à mercearia, que tem, imaginem! uma fonte. e bancos.; subúrbios, assim denominada essa zona nao pelo luxo das casas, mas por serem todas I-G-U-A-I-S.

Acho que é a primeira vez que não estou irritada enquanto escrevo sobre Mortágua. =P Mais vale ver pelo lado positivo e servir-me da terra para me rir um bocado.